Tempo ruim? Estou pensando na desigualdade do mundo. Nas crianças vítimas de guerras, nos refugiados que são cidadãos comuns, trabalhando em suas localidades, e, de repente, tendo de abandonar tudo sem nem poder olhar para trás como fez a mulher de Ló, e pereceu.

Estou pensando nas centenas de pessoas que estão nas filas dos nossos hospitais procurando alívio para suas dores. Estou pensando nos moradores de rua, implorando por um pedaço de pão.

Estou pensando na falta de cuidado com nossas escolas e com nossas crianças.
Estou pensando nas crianças e jovens morrendo prematuramente assassinadas nas casas, nas ruas, nas igrejas, nas paradas comemorativas.
Estou pensando nas malas de dinheiro circulando de mãos em mãos de corruptos poderosos.
Estou pensando como alguns ladrões, mentirosos, faroleiros, cínicos – ainda estão soltos.
Estou pensando que perdemos o senso e o brio.
Estou pensando que nos perdemos de nós mesmos.
Estou pensando na viagem que parlamentares fizeram à Europa, para amenidades e vaidades.
Estou pensando no quanto se tem gasto com cafés, almoços e jantares regados a bom vinho para que essa classe política aí se preserve.
Estou pensando que se não formos às ruas, nem que seja numa caminhada lenta, de luto, sem precisar de carro de som – fazendo disso uma festa – mas com a tristeza e a seriedade que o momento exige: vamos ter mais do mesmo.
E todos esses pensamentos me fizeram sentir que TODOS estamos omissos e o preço será altíssimo às futuras gerações.
Bom dia, embora a maré não esteja para peixe!
Como diz a canção?
Em tempo ruim, todo mundo também da bom dia!

Ercília Pollice
Ercília Ferraz de Arruda Pollice reside em Campinas, é formada em Letras pela USC – Bauru, bacharel em Literatura Portuguesa. Escritora, conta com 10 livros publicados, entre eles livros infantis e juvenis, além de inúmeras crônicas e poemas. Integra a Academia Campineira de Letras e Artes e Academia Bauruense de Letras. Foi indicada para o Prêmio Jabuti pela autoria do livro infanto–juvenil “Só, de vez em quando” da Editora FTD. Ercília também é artista plástica catalogada no Cat. Júlio Lousada. Aquarelista, já realizou dezenas de exposições individuais e coletivas em diversos salões e galerias, inclusive em Paris. Alegre, de bem com a vida, adora relacionar-se. Sua preferência é escrever sobre relacionamentos em todas as áreas e níveis. Também tem uma queda por comentar fatos políticos e suas implicações, sempre com bom humor e alguma ironia. Poeta, fala só do amor. Quando escreve faz pinturas de palavras, sua arma maior. Quando pinta faz poemas de cores. Tem 3 filhos, escreveu vários livros e já plantou centenas de árvores. Agora, é desfrutar os bons momentos que a vida sempre oferece àqueles que tem olhos e ouvidos para ouvir e entender estrelas.
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