A Violência sexual é entendida nos dias de hoje como qualquer ato feito sem consentimento. Houve uma importante transição no entendimento do que é considerado estupro frente à lei. O progresso do manejo em lidar com o tema acarretou mudanças e repercussões positivas no combate e punição.

Porém, o questionamento feito nas pessoas que foram violentadas ainda é forte em se ponderar o fato como grave apenas se estiver ligado com virgindade ou ato consumado ou ainda a necessidade de um flagrante.

O exame físico é infelizmente ainda o mais levado em consideração, sendo difícil a compreensão de alguns familiares em considerar como postura inadequada, qualquer atitude de constrangimento e desconforto vivenciado com um autor da agressão.

É complexo abordar o ocorrido com as crianças, sendo importante o uso de linguagem simbólica e acessível a elas. Muitas crianças ficam retraídas, tímidas, não fazem contato visual, não gostando de reviver os fatos.

Dentro do acompanhamento psicológico não existe uma ordem da direção terapêutica de se falar apenas no ato sofrido, mas sim, com o vinculo estabelecido a própria pessoa trazer a espontaneidade em conversar sobre os assuntos de interesse e com naturalidade expressar suas dificuldades. Não existe um tempo, um prazo para apresentar melhorias até porque em uma mesma situação cada pessoa tem uma reação. É necessário proporcionar um ambiente saudável e seguro para que possam falar.

Tem sido muito comum encontrar autores de agressão menores de idade, onde é de extrema importância que ele também passe por um processo de educação. As famílias precisam ser orientadas e procurar entender eventos que acontecem na casa que possam contribuir para atos de violência sexual praticados por menores de idade, como por exemplo, o acesso a filmes pornográficos.

É importante ter orientações em como lidar com a sexualidade no desenvolvimento natural infantil, as curiosidades e as possíveis interferências em um abuso vivenciado no mesmo período da infância e o contexto que está inserido. A conversa em família e os comportamentos do desenvolvimento precisam ser acompanhados.

Observam-se muitos momentos de violência ligados ao uso abusivo de álcool. É necessário responsabilizar o autor da agressão para que no acompanhamento de quem sofreu a violência consiga transformar a culpa vinda de dentro e  a desconstrução da ideia de sedução vinda infelizmente ainda do social. Todas as partes precisam ser abordadas na tentativa de interrupção do ciclo da violência.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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