Quando o silêncio de quem passou por uma situação de violência sexual é partido, nasce uma emoção ambígua: a de alívio, na busca de suporte e o fim da violência; mas, também, ao mesmo tempo, a fase de exposição e de reviver o fato a cada vez que precisa relatar para cada profissional de saúde e cada agente da justiça.

Quando manifestada a ocorrência, se percebe familiares próximos que se sentem impotentes, pois acreditam que não ofereceram a segurança e a proteção adequadas; como outros que não acreditam na situação relatada e invertem a posição, da responsabilidade e ainda argumentando como sedução.

A vítima se sente assustada com a agitação de seus familiares em não saber como agir, também, e muitas vezes se sente culpada por vê-los sofrendo, ou em discórdia ou iniciando conflitos. É necessária a organização e acolhimento dos familiares para encarar esse problema, pois a postura familiar influencia totalmente nas reações e comportamentos de quem vivenciou a violência sexual, muitas vezes prejudicando o tratamento e fazendo o julgamento na vítima e não no agressor.

O agressor

Muitos agressores, mesmo após a revelação, se encontram no centro de convivência, pois são da mesma família. Intensificando mais o sentimento de medo e insegurança.

Com a exposição e a repercussão social do acontecido, vem a decepção em seus ciclos sociais que aparecem; na escola, trabalho, vizinhança, seguidos de vergonha, culpa, pensamentos negativos atingindo diretamente a autoestima.

Muitas relatam seu sofrimento em repercussões sociais, onde pessoas a desamparam e a expõem em situações, fazendo com que seu raciocínio se transforme e faça uma cisão em sua vida antes e após ter sofrido abuso sexual.

O resgate da autoestima

Na luta do resgate da autoestima é indispensável valorizar habilidades, assim como desenvolver as potencialidades. Orienta-se e valoriza-se as características e qualidades.

As equipes de saúde necessitam de avanços e serem capacitadas para tratar a família como um todo, pensando em menores danos possíveis e preparo para favorecer o resgate da saúde física, emocional e afetiva nas relações e dinâmicas de enfrentamento.

Sendo considerado também um alerta, o uso de crianças como objeto de manipulação em muitas discórdias familiares, intuindo ou acusando de uma suposta violência sofrida, mas com intenção de benefício próprio ou com más intenções na acusação errônea.

A dimensão das consequências precisa ser muito bem estruturada no sistema para a garantia de proporcionar possibilidades de atuação terapêutica nas famílias e pessoas vítimas de violência sexual. Uma vez que a ambiguidade apareça, devemos ter meios de lidar com o tema que tanto atinge a sociedade.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
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