Gostaria de esclarecer um pouco mais sobre um assunto tão polêmico de forma clara e direta, porem com todo respeito e dignidade. Fiz aqui uma coletânea sobre a sexualidade com terminologia técnica e coloquial ou seja o que se é falado nas ruas. Espero que gostem e que seja esclarecedor.

A sexualidade de um indivíduo pode ser expressa de várias formas conforme sua orientação sexual.

  • Homossexualidade
  • Heterossexualidade
  • Bissexualidade
  • Transexualidade

Homossexualidade ou Homossexualismo – Forma de projeção da sexualidade que consiste no  desejo sexual por pessoa do mesmo sexo. Atualmente estão se difundindo os termos Homoerotismo ou homoafetividade porque o termo homossexualismo para muita gente tem conotação pejorativa com doença, aberração etc. O homem homossexual ao nascer é um bebê macho como qualquer outro. Ele não traz nenhuma alteração biológica interna ou externa.

E não é verdade que todo homossexual quer ser mulher. Ao completar cinco ou seis anos, a sexualidade ainda está latente e alguns meninos carregam dentro de si “um leve sentimento” identificado como desejo homossexual durante as brincadeiras com outros garotos. É na adolescência que a orientação afetivo-sexual começa a se tornar evidente. O rapazinho sente-se “diferente” e aos poucos sua verdadeira orientação sexual vai se consolidando, surgindo os desejos e as fantasias dirigidos para outros homens.

Na idade adulta a certeza da homossexualidade se concretiza e então o indivíduo começa a se reconhecer como homossexual, para si mesmo, a partir do desejo consciente por outros rapazes. Depois, vem a parte mais dolorosa que é ser aceito do jeito que é pela família e pela sociedade. Esse processo ocorre da mesma forma com a mulher homossexual ou homoerótica. Já se sabe que a homossexualidade não ocorre devido a problemas familiares, repressão dos pais, falhas na educação ou influência das “más companhias”.

Evidentemente existem pessoas homossexuais em famílias estáveis e não estáveis, entre ricos e pobres, entre doutores e ignorantes. Nenhum pai ou mãe pode garantir que seu filho ou filha não será homossexual. Homossexualismo não é hereditário. O homossexualismo masculino e feminino é tão velho quanto a humanidade e sempre existiu em todas as culturas e em todas as sociedades, avançadas ou primitivas.

Na Grécia Antiga era inclusive valorizado. Os homossexuais ou homoeróticos do sexo masculino são chamados comumente de gays (palavra inglesa que quer dizer alegres) e em língua chula de veados, baitolas, frescos, frangos, mocinhas, bichas e muitos outros termos que podem variar conforme o lugar.

A ciência já sabe que não se trata de doença, porém ainda não sabe responder por que uma pessoa prefere se relacionar amorosa ou sexualmente com outra pessoa do mesmo sexo. É preciso muito cuidado no tratamento da questão da homossexualidade, pois a atração sexual por pessoas do mesmo sexo é diferente de conduta homossexual. Desta forma, uma pessoa pode ter atração sexual por outra do mesmo sexo e nunca pôr em prática uma relação sexual com ela, contentando-se apenas com fantasias sexuais. E o contrário também pode ocorrer, isto é, a ocorrência de relação sexual entre duas pessoas do mesmo sexo sem o componente obrigatório do desejo homoerótico (o que se chama de homoerotismo ocasional ou circunstancial), comum em internatos, prisões, colônias de férias etc.

Então, não vamos radicalizar, pois quem teve uma relação homossexual fortuita, inesperada, não pode ser considerado como homossexual ou homoerótico. A homossexualidade é um estado e não um acontecimento sexual efêmero, inconsequente. Do mesmo modo, o fato de uma criança do sexo masculino brincar de bonecas por algum tempo não significa dizer que ela é ou vai ser homoerótica. Isso pode ser apenas uma fase passageira na vida dela. E homem que gosta de ser acariciado no ânus não é necessariamente gay. Também o fato de um homem usar temporária ou circunstancialmente roupa de mulher não quer dizer que ele é gay. Isso pode ser apenas um fetiche.

Agora, se passar disso, aí… Se uma mulher se excita vendo outra nua não quer dizer que ela seja necessariamente lésbica. Agora se ela deseja possuir aquela mulher, aí sim pode ser lésbica. Não é um método eficiente dizer que uma pessoa é homoerótica somente pela aparência. Pois há homoeróticos com aparência mais máscula do que muitos heterossexuais que andam por aí exibindo masculinidade, mas na verdade são homossexuais disfarçados ou enrustidos, como se diz no dicionário gay. Não existem estatísticas confiáveis para se definir o exato número de homoeróticos. Aceita-se, porém, que esse número está em torno de 10%, ou seja, de cada dez pessoas no mundo, pelo menos uma é homossexual ou homoerótica.

Saiba mais: Chama-se travesti a pessoa ou artista – homossexual ou não – que, em espetáculos, se veste com roupas do sexo oposto. Como isso se tornou mais comum entre os homossexuais que se vestem e se conduzem como se fossem do sexo oposto, muita gente pensa que todo travesti é homossexual. Já o termo transformista deve ser usado para indicar a pessoa ou artista que numa encenação se produz para viver ou parecer com uma personagem. O transformista não é necessariamente um homossexual. Pode ser ou não. Homofobia é o termo criado para caracterizar o medo e o resultante menosprezo pelos homossexuais que algumas pessoas sentem. Muitas pessoas sentem homofobia como decorrência do medo de elas próprias serem homossexuais ou de que os outros pensem que o são. Heterossexismo é o termo criado recentemente para identificar o processo de opressão que rejeita os direitos de todas as formas de comportamento sexual que não seja o heterossexual.

Numa sociedade heterossexista, somente a heterossexualidade é considerada como normal e natural. Os homossexuais ou homoeróticos do sexo feminino são chamados de lésbicas, termo derivado da ilha grega de Lesbos, onde, no século VII a.C, vivia a poetisa Safo escrevendo seu amor às mulheres. Em linguagem popular e em tom pejorativo a lésbica é chamada de sapatão, sapatona, mulher-macho e outros termos conforme o lugar. Quando o lesbianismo sai dos beijos, afagos, carinhos e evolui para a fricação vulvar, ou seja, esfregar uma vulva na outra, aí geralmente se usa o termo tribadismo, sendo chamada de tríbade quem participa da ação. Assim, toda tríbade é lésbica, mas nem toda lésbica é tríbade. Comumente a lésbica com aparência máscula é chamada de machona e a lésbica de aparência feminina de lady ou fada.

Heterossexualidade ou Heterossexualismo – Forma de projeção da sexualidade em que um indivíduo sente desejo sexual por outro de sexo diferente do seu. A maioria das pessoas tem essa forma como sendo a única normal. Mas pensar assim está em desacordo com a lei e com os estudos científicos que não consideram as outras como anormais e sim como variações. Se você é heterossexual e seu colega é homossexual (ou homoerótico, gay ou lésbica) vocês dois sãos normais! Pensar diferente é preconceito. Bissexualidade ou Bissexualismo – Forma de projeção ou variação da sexualidade em que a pessoa sente desejo sexual pelos dois sexos. É um misto de homossexualidade e heterossexualidade e essa variação não é tão pequena em número quanto se pensava. Para Sigmund Freud, considerado pai da Psicanálise, a energia original de toda pessoa estaria voltada para os dois sexos.

Mas por uma questão cultural, ela vai se moldando para esse ou aquele caminho, até mesmo em nome da preservação da espécie. Assim, uma pessoa já pode nascer com disposição para a bissexualidade. A ciência ainda não deu uma explicação definitiva sobre o assunto. Os estudos prosseguem. Os bissexuais muitas vezes são condenados pelos gays e rejeitados pelos heterossexuais, por não terem uma preferência sexual única. Por isso eles sentem dificuldade para encontrar seu lugar no mundo, e não se sentem à vontade para falar abertamente sobre a sua dupla preferência sexual. Como são vistos por óticas diferentes, a maioria das pessoas acha que eles vivem “em cima do muro”; para os gays, são pessoas “mal-resolvidas” e há até quem os achem pessoas devassas ou pervertidas.

Diante desse impasse, muitos bissexuais preferem se camuflar, apresentando-se ora como homo, ora como hetero, dependendo da circunstância ou da aceitabilidade que poderão ter. O lado homossexual do bissexual pode acontecer em duas vertentes: ou ele funciona como homossexual ativo ou como homossexual passivo. Há casos em que o bissexual transa com a companheira e quando procura se relacionar com o companheiro prefere ser o passivo, ou seja, o que recebe a penetração anal. Há casos em que o bissexual prefere funcionar como o ser ativo, ou seja, o que faz a penetração anal.

O bissexual é chamado popularmente de gilete (porque a lâmina de barbear “corta” dos dois lados), AC/DC (em eletricidade AC/DC significa corrente alternada/corrente contínua) ou ainda 110/220v (em eletricidade, isso significa que o aparelho é bivolt, ou seja, funciona tanto em 110 como em 220volts). Transexualidade ou Transexualismo –  Forma de projeção da sexualidade na qual a pessoa não aceita sua identidade sexual de nascença e passa a identificar-se psicologicamente com a do sexo oposto. É o caso de uma pessoa que nasceu homem, mas pensa e age como se fosse mulher, pois é assim que ela se acha. O transexual também chamado de Disfórico de Gênero ou Neuro Discordante de Gênero leva isso tão a sério que para rejeitar o papel de gênero masculino procura toda forma de modificar sua anatomia a fim de assumir aparência física feminina.

Se possível, faz até cirurgia para mudança de sexo, porquanto é possível transformar a genitália masculina na feminina. No Brasil tornou-se famoso o caso de Roberta Close, cujo nome de registro é Luiz Roberto Gambine Moreira, que fez cirurgia para mudança de sexo, e somente depois de 15 anos de batalha judicial conseguiu alterar seu nome para Roberta Gambine Moreira. O transexualismo é comum aos dois sexos, mas o do sexo masculino é mais conhecido. Um transexual geralmente manifesta um sofrimento psíquico por acreditar que houve um erro na determinação do seu sexo anatômico ou somático. É por causa desse sentimento que muitos buscam a cirurgia para mudança de sexo, na tentativa de correção do erro e assim aliviar o sofrimento. Em geral, psiquiatras ou psicólogos fazem o diagnóstico, através de várias conversas com o paciente, para determinar corretamente os sentimentos dele. Depois se inicia um tratamento psicológico e apenas em alguns casos específicos será indicada a cirurgia de alteração do sexo.

Saiba mais: Neste milênio surgiu um novo tipo de homem – o metrossexual. Este novo tipo de homem (que é macho) vive geralmente nas metrópoles, daí o termo. É um homem muito vaidoso, preocupado com a aparência física e por isso frequentador assíduo de lojas de grife, academias de ginástica, salões de cabeleireiro, bares da moda e eventos fashion. Andam sempre bem maquiados. Há até os que usam blush e rímel. Pela beleza apelam até para lipoaspiração ou cirurgia plástica. O metrossexual é antes de tudo um narcisista.

Espero que agora com um pouco mais de conhecimento sobre as terminologias dentro da sexologia, todos possamos entender e respeitar as diferenças e as igualdades. Não coloco aqui minha posição ou meus pensamentos, porém como profissional médico tentei compilar o que de mais interessante encontrei para passar a vocês sobre um assunto de grande relevância.

Bem ou mal vivemos o melhor que podemos e como queremos.

O livre arbítrio nos oferece o direito de vivermos nossas vidas como bem quisermos, porem junto com nossas escolhas vem as consequências.

Marcus Borges
Dr. Marcus Borges é formado em medicina pela UNICAMP, concluiu a residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pelo CAISM (Especialista em Stem Cells e fertilidade). Com forte experiência internacional trabalhou para a Organização Mundial de Saúde (OMS/WHO) na Alemanha no hospital da RWTH-Aachen, por 3 anos. Mudou-se para os EUA onde finalizou seus estudos na UMDNJ - New Jersey no curso de pós doutorado em perinatologia por 2 anos. Professor adjunto da Ensign College em Utah/USA. Com inúmeras publicações científicas internacionais voltou ao Brasil onde concluiu o curso do MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Forte experiência em saúde da mulher e com inúmeras palestras iniciou seu trabalho na indústria de seguros saúde e depois na indústria farmacêutica multinacional como a Ativus, Merk Serono e na Glenmark como diretor da área médica. Atualmente escreve uma coluna para o portal Plena Mulher, levando maior conhecimento e informação para as mulheres brasileiras.
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *