Os genes, responsáveis pela nossa constituição biológica, são transmitidos verticalmente. Características físicas como cor dos olhos, tipo de cabelo e estatura são alguns exemplos do que pode ser geneticamente herdado.

Do mesmo modo, algumas patologias também podem ter origem genética. A Dra. Cláudia Carneiro, doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP, explicou as possíveis relações com a genética para as causas de algumas dores.

“A percepção à dor é um processo complexo influenciado por múltiplos fatores. Por exemplo, evidências sugerem que determinadas síndromes dolorosas, como a fibromialgia, apresentam predisposição genética associada aos fatores ambientais”.

Patologias

A fibromialgia, dor crônica idiopática ou dor de origem desconhecida, refere-se a um grupo de quadros nos quais os mecanismos envolvidos ainda não são completamente conhecidos, que se caracteriza por dor moderada a intensa generalizada com diminuição do limiar álgico.

Sintomas depressivos e também de ansiedade são comuns. Em pesquisa publicada na revista Arthritis Research & Therapy entre 58 indivíduos filhos de fibromiálgicas, com idades entre 5 e 46 anos, 28% apresentavam a doença. “Além disso, eles apresentaram menor limiar mecânico à dor, e maior incidência de depressão comparada aos filhos de mães não-fibromiálgicas”.

Sintomas como perda de memória, inflamação da garganta, dor muscular inexplicável e extrema exaustão, podem estar relacionados à Síndrome da Fadiga Crônica – outra doença com chance de ter fatores genéticos entre a sua causa. Porém, há a possibilidade de doenças infecciosas prévias, faixa etária, estresse e fatores ambientais serem responsáveis por essa síndrome.

Além disso, alguns estudos demonstram que a Síndrome do Cólon Irritável – perturbação motora do tubo digestivo que provoca constipação, diarreia, dor abdominal, sensação de gás e distensão – ocorre mais frequentemente em parentes diretos de afetados, tendo um provável componente genético e ambiental.

“O estudo de variações genéticas decorrentes de mutações e sua responsabilidade nessas síndromes é fundamental ao desenvolvimento da fármaco-genética. Bem como ao auxílio de tratamentos individualizados, em um futuro não tão distante – assim esperamos”.


Dra. Cláudia Carneiro é doutora em ciências pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e membro da Equipe de Controle da Dor da Anestesia do Instituto Central do Hospital das Clínicas (ICHC)

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