A língua não serve apenas para sentir sabores e falar. A língua é um órgão essencialmente muscular e dinâmico que está envolvido em importantes funções como a mastigação, deglutição, o paladar e a fala.

O que muita gente não imagina é que a movimentação inadequada pode atrapalhar a saúde de um modo geral.

Para entender os mitos e verdades desse importante órgão, a fonoaudióloga Ana Lúcia Duran nos dá algumas dicas.

1 – Língua dói?

Sim e se deve ao fato que nela existem muitas terminações nervosas, por isso sentimos tantas dores quando acidentalmente mordemos a língua ou aparecem as desagradáveis aftas (de causas variáveis) e nos atrapalham nas atividades mais básicas do nosso cotidiano, como comer, falar e até mesmo beijar. “Qualquer sinal de dor na língua precisa ser investigado”.

2 – Usar piercing na língua pode atrapalhar a saúde bucal?

A língua, mais que qualquer outra parte do nosso corpo, é propensa ao risco de infecção, pois em condições normais a boca possui um grande número de bactérias que auxiliam no processo de digestão. “Por isso os cuidados com a higiene devem ser redobrados nos adeptos de piercing, já que o acessório pode sim atrapalhar a saúde”.

3 – Ficou esbranquiçada?

Aquele aspecto da língua branca pode revelar de que a higiene não anda muito bem, e daí já é importante ficar atento. “Outro fator comumente observado pela higiene precária da língua é o mau hálito. A limpeza da língua deve ser diária para evitar a formação da saburra (placa bacteriana que deixa a língua esbranquiçada ou amarelada), para tanto pode-se utilizar a escova de dentes ou o raspador de língua, que em geral é mais confortável para quem sente náuseas neste processo”.

4 – Existem movimentos certos para falar?

A articulação dos sons da fala (fonemas) depende da movimentação da língua, sendo desta forma um órgão muito importante para a efetividade da comunicação oral. “Falhas na percepção da posição correta da língua para a produção de um determinado som, ocasionam trocas, omissões e distorções que, após os 4 anos e 6 meses não devem ocorrer e podem inclusive causar prejuízos sociais.

Mas, muita gente não se dá conta que os erros de fala podem ser provenientes da movimentação da língua – mesmo na vida adulta – e deixam isso perdurar por anos, mesmo tendo tratamento pela fonoaudiologia”, “É comum observarmos pessoas falando com a língua entre os dentes na tentativa de tornar a voz mais aguda (fina), muitos o fazem intuitivamente, mas há uma lógica anatômica, uma vez que anteriorizar a língua, eleva a laringe e favorece a produção vocal em tom mais agudo”.

5 – Ter a língua presa é um problema?

Falar soprando ou cuspindo, é popularmente conhecido pelo termo “língua presa” que caracteriza a fala com sons distorcidos pela posição anteriorizada da língua, principalmente ao dizer palavras com fonemas S e Z. Mas, neste caso, o que muita gente não sabe é que na verdade a “língua está solta”, ou seja pode se movimentar além dos limites do ponto correto de articulação do som, então o nome correto desta alteração é ceceio ou sigmatismo. “Na realidade a língua está presa quando o freio lingual, que é aquela pele pequena que está localizada embaixo da língua, está curto e ineficiente, ou seja, não permite a movimentação adequada da língua ao falar ou se alimentar.

Na fala impede o movimento da língua para sons que exigem uma destreza maior deste órgão. Um exemplo que podemos citar é a troca ou distorção do R e L como na palavra maravilha que é pronunciada magavia”.

6 – Dificuldade para engolir

Crianças e adultos que são diagnosticados mais tardiamente com algum problema na língua precisam de intervenção fonoaudiológica para aprender a falar e engolir corretamente. “No caso do ceceio (“língua solta”) também é necessário tratamento com fonoaudiólogo para corrigir o ponto correto de articulação dos sons e algumas vezes adequar o tônus da língua, que em geral nestes casos, está flácida e causa deformação nos dentes, além de uma fala esteticamente feia”.

7 – Reconhecer sabores

Na língua estão localizadas as papilas gustativas, que reconhecem o gosto (doce, salgado, azedo, ácido e amargo) e então enviam a informação para o cérebro. “A saliva exerce um papel fundamental nesta função, já que as papilas só percebem os sabores em estado líquido, então cabe a ela dissolver os alimentos sólidos para que o sabor seja apreciado – caso haja dificuldade neste reconhecimento, é sinal de alerta e tem que ser investigado”.


Ana Lúcia Duran é fonoaudióloga clínica (graduada pela EPM/UNIFESP) e educacional (autora e atuante em Projeto de estimulação precoce e de prevenção de Distúrbios de Linguagem reconhecido e premiado em anos consecutivos). Pós graduada em Psicomotricidade. É fonoaudióloga da Clínica Zambotti & Duran. www.zambottieduran.com.br

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