Estamos atravessando por um momento delicado e sem precedentes em nossas vidas. Vivemos assombrados pelo fantasma do COVID-19 e acuados pela restrição social imposta pela situação de pandemia. Sem dúvida, isso tem gerado um forte impacto sobre nossa saúde e um impacto ainda maior sobre nossa saúde mental.

Como tudo isso afeta nossa saúde emocional? A mulher é mais atingida do que o homem nestas circunstâncias? Como as crianças e os jovens estão sendo impactados?

Felizmente, as questões relativas ao papel da saúde mental e do equilíbrio emocional na nossa qualidade de vida, vem crescendo em importância nas últimas décadas. No cenário atual, ele se torna mais relevante ainda! Pois em tempos de pandemia e quarentena, os casos de transtornos psicológicos e doenças mentais só crescem e pioram a cada dia. Isso se deve ao fato de que o sofrimento mental sempre é muito maior e mais intenso quando há o sentimento de incerteza.

Muitas pessoas estão com medo de morrer, perdendo seus entes queridos, ansiosas, confusas e até mesmo paralisadas em estado de letargia. No outro extremo há aqueles que estão em estado de dissociação emocional que negam a realidade, agindo como se nada de diferente estivesse acontecendo.

Com o aumento da pressão e da incerteza, maior é o estresse e mais intenso é o sofrimento emocional. Esse aparente caos tem solução? Claro que sim! E o melhor caminho para tranquilizar a mente é a informação. Mantenha-se sempre informado, porém, cuidado com o excesso de informação, ele pode ser tão prejudicial quanto a falta dela! A OMS cunhou o termo “Infodemia” para definir essa tendência de comportamento.

Guarde essa frase: “informação de menos causa ansiedade, informação de mais causa angústia”!

Se todos nós em geral, de algum modo, sofremos com isso, imagino você mulher… como sua missão deve estar mais pesada. Pois com pandemia ou sem pandemia sua tripla jornada não dá trégua, não é mesmo? Você precisa continuar dando conta da casa, do trabalho, dos estudos, dos filhos e de nós, maridos. Tudo isso e ainda se equilibrar no salto e no alto dos seus próprios dilemas emocionais!

Mas não esmoreça, siga em frente! Aqui vão algumas dicas para ajudá-la a lidar com o estresse neste momento crítico de ansiedade, dúvidas e incertezas:

  • Estabeleça uma rotina.
  • Organize-se.
  • Se está trabalhando em home-office, defina bem o tempo/espaço entre esfera pessoal e profissional.
  • Continue (ou comece) a praticar algum tipo de atividade física. Lembre-se que se seu corpo estiver mais saudável, sua mente também o estará.
  • Se alimente de forma saudável; uma dieta equilibrada ajuda a aumentar a imunidade do seu corpo.
  • Cuidado com a ingestão abusiva de álcool, cigarro e até mesmo o exagero de comida.
  • Cuide da qualidade do seu sono; o equilíbrio emocional começa com uma noite bem dormida.
  • Faça coisas que lhe tragam prazer e satisfação.
  • Tente ser mais tolerante. Quanto maior a tolerância, menor o estresse.
  • Alimente o sentimento de gratidão.
  • Aprenda com as experiências difíceis; tire algo de proveitoso delas e se torne alguém melhor depois disso
  • Tenha paciência, essa fase crítica há de passar.
  • Busque apoio da sua rede social – física e virtual; perceber que você não está sozinho nessa é fundamental.
  • Procure por ajuda profissional, se necessário. Não é sinal de fraqueza e sim, de inteligência!
  • Não pare seu tratamento médico e/ou psicológico a não ser por orientação profissional. Neste momento ele pode ser mais necessário do que nunca.
  • As crianças, adolescentes e jovens, também estão sofrendo. E, em certa medida, até mais! Pois, se já é difícil para nós, adultos maduros, imagine só para eles…
  • Organize a rotina dos seus filhos. Limites, regras e rotina são fundamentais nessa fase de desenvolvimento. Porém, tenha bom senso. Não seja radical; cuidado com os exageros.

Converse franca e abertamente com as crianças sobre o assunto, por mais polêmico que possa parecer. Não saber, de fato, o que está acontecendo é extremamente angustiante e ansiogênico para elas!

Tenha (ainda) mais paciência com os adolescentes, na minha opinião eles são os mais impactados com isso tudo, principalmente no pertinente ao isolamento social. Se coloque no lugar deles… você no auge do contato social e do apego ao grupo e ter que ficar trancada em casa ou com sua mobilidade bem restringida.

Aproveite a convivência em família, ela é indispensável para uma vida emocionalmente saudável. Mas para isso, é importante aprender a gerenciar os conflitos que aparecem em qualquer tipo de relacionamento humana; ainda mais em época de confinamento que estamos fazendo um “curso” intensivo de convivência obrigatória, não é mesmo?

Para finalizar, gostaria de enfatizar mais um ponto. Quando vivemos em um ambiente social onde prevalece a sensação de cuidado, altruísmo e solidariedade, o impacto de todos os fatores negativos citados acima é sempre muito menor e menos crítico. Ou seja, em sociedades mais humanas, acolhedoras e solidárias o ser humano consegue viver bem melhor, principalmente no que se refere ao seu estado emocional!

Nesse sentido, sem querer colocar mais pressão, contamos com você, mulher. Agora, mais que nunca estamos carente do seu charme, do sua sensibilidade, da sua força, do seu entusiasmo, da sua capacidade de superação…

Enquanto a vacina contra o vírus não chega, estamos todos necessitados do único remédio capaz de abrandar a dor da nossa alma nesse momento: seu afeto!!

Saúde e sucesso a todas!

Augusto Goldoni é psicanalista, psicólogo, consultor e escritor. Há 20 anos atuando na área de promoção de saúde e relações interpessoais, desenvolvendo ações preventivas em diversas empresas pelo território nacional com várias obras publicadas, entre elas “O vício: um tormento – como se livrar das drogas”, “Estresse: como transformar esse terrível inimigo em aliado”, “A arte dos relacionamentos saudáveis e duradouros”, “Saúde financeira – como equilibrar suas finanças e sua vida” e “Viver bem: motivado” e “Atravessando os vales da Depressão – 40 passos para retomar o entusiasmo pela vida”.
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