A comunicação é entendida como a transmissão de uma mensagem; para isso é necessário um emissor e um receptor. Conseguimos intencionar uma mensagem através da fala, gesto, imagem ou som.

Utilizando a comunicação através da linguagem conseguimos expressar informações, sentimentos e emoções de forma mais complexa. É possível imaginar a angústia e o desespero de uma pessoa com suas funções cognitivas totalmente preservadas, sua consciência e lucidez perfeitas; porém, ao tentar realizar uma comunicação verbal, não é possível, ou por estar com o dispositivo de traqueostomia (procedimento médico-cirúrgico auxiliando na passagem de ar) ou com qualquer outra doença que a impede de usar a voz?

A escrita

Mas há alternativas, como, por exemplo, a escrita. Mas, mesmo assim, se ainda além da fala você também está impossibilitado de realizar movimentos físicos, devido a uma doença degenerativa, ou a um trauma sofrido em um acidente ou alguma outra doença incapacitante?

Muitas pessoas e até mesmo profissionais desistem de realizar uma comunicação alternativa com essas pessoas, dificultando assim, que possam se expressar, manifestar suas vontades, questionar ou informar algo que deseja. Esse bloqueio criado por quem poderia lhe proporcionar um maior conforto intensifica vezes mais o sofrimento da pessoa.

O ser humano é sociável; precisa estar em contato com outras pessoas e se expressar, por isso, não devemos deixar de insistir e sim estimular, não permitindo a anulação da autonomia e deixar de saber o que a pessoa sente, quer e precisa, deixando-a em silêncio, um vazio consigo mesmo, apenas com a consciência.

Contexto hospitalar

A tecnologia de comunicação alternativa para pacientes crônicos em contexto hospitalar está bem avançada, porém, não tão acessível.  Nem todas as pessoas nessas condições têm recursos tecnológicos avançados, com sistema computadorizado, que fazem leitura sensorial para se atingir uma declaração. Manualmente é demorado, dá trabalho, mas não é impossível. Com empenho e envolvimento dá para se entender a mensagem de outra pessoa e tornar-se um diálogo terapêutico, incentivando a se expressar e ter decisões.

Recursos alternativos

Dentro da educação inclusiva, são utilizados muitos recursos de comunicação alternativos, através de imagens que representam simbolicamente sentimentos, ações, objetos, pessoas. É um meio de pessoas com autismo grave e pessoas com paralisia cerebral demonstrarem suas mensagens.

Necessitamos superar os desafios e faze-los de forma criativa, conseguimos, por exemplo, através do piscar de olhos, formar frases.

A possibilidade de interação de pessoas sem comunicação verbal, que também não conseguem escrever, é acima de tudo o desafio de desconstruir obstáculos e não permitir acreditarem que estão solitárias. O estímulo é a base para deixar a comunicação e as emoções virem à tona, na busca de amenizar o sofrimento.

Marcela Eiras Rubio
Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, Aprimoramento Profissional em Atendimento Interdisciplinar em Geriatria e Gerontologia pelo IAMSPE (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) e pós-graduação em Gestão de Pessoas pelo SENAC. Atuações como psicóloga hospitalar no Programa Melhor em Casa do Hospital Municipal Dr. Moyses Deustch – Mboi Mirim, HGIS (Hospital Geral de Itapecerica da Serra) e HRC (Hospital Regional de Cotia). Atualmente atua como consultora em Recursos Humanos na RHF Talentos – Unidade São Paulo.
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *