Começo amanhã! Todos nós temos, em nosso dia a dia, coisas que amamos fazer e outras que simplesmente insistimos em adiar, adiar e adiar. Seja por falta de tempo, excesso de preguiça ou distrações no ambiente de trabalho, os motivos para protelar tarefas e tomar decisões que levam à procrastinação compartilham raízes comuns.

Escrevendo esse artigo, descobri que aquele famoso “deixa pra depois” diz muito sobre a psicologia humana.

Alguns pontos que podem nos ajudar a compreender e – principalmente – evitar a arte da procrastinação:

Medo – Este item abrange muitas subcategorias: medo do sucesso, da falha e da incompetência. O medo de falhar pode ser o mais comum. Provavelmente todos nós já enfrentamos algo que parece estar além de nossas capacidades: preparar um evento, escrever um trabalho de pesquisa, passar em uma prova.

Tamanho é o medo que a tarefa em si ganha mais importância e aumenta a necessidade de álibis: “Não tenho tanto conhecimento sobre esse assunto!”, “Por que eu concordei em fazer isso?!”, “Eu vou falhar com certeza!”.

Sem a confiança suficiente em nossas habilidades, construímos cenários sobre o que aconteceria se inevitavelmente falhássemos: ser demitido, expulso da escola, perder status.

De mãos dadas com a falha está (ironicamente) o medo do sucesso. Se concluirmos uma tarefa de maneira bem-sucedida, espera-se que consigamos atingir aquele mesmo nível de sucesso (e outros ainda maiores no futuro).

Com isso, misturado a um sentimento de insegurança, temos a sensação de estarmos em uma posição para a qual não nos sentimos qualificados, o que nos leva a questionar a nossa capacidade.

Quando o medo te deixa estagnado, pense nos desafios que você já venceu. Lembre-se de projetos trabalhados que pareciam enormes e do seu sucesso ao finalizá-los. Relembre as metas que você achou que não iria conseguir alcançar e ainda assim conseguiu. Você pode ser sua própria inspiração para vencer.

Outra dica? Veja estes medos sob outra perspectiva. Converse com colegas, amigos e parentes próximos. Peça ajuda e feedback. Receber a confirmação que estamos no caminho certo ou enxergar onde podemos ter errado, enquanto o processo está caminhando, é reconfortante.

Perfeccionismo – Qualquer pessoa tem um ideal platônico do que se propõe a fazer. Porém, muitas vezes a desconexão do produto final com a versão absolutamente perfeita que havíamos imaginado, pode nos impedir de iniciar uma tarefa.

Por isso, a procrastinação pode ser confortável — enquanto a ideia está na sua cabeça, ela permanecerá perfeita e imune a críticas.

Em casos assim, é nosso dever reconhecer que, apesar da possibilidade da falha, não devemos ceder à tentação de pensar que não temos que dar nosso melhor. Ao final, e se nos dermos um pouco de liberdade, passamos a aceitar que nossas criações são interessantes e possuem mérito.

Falta de Motivação – Para encontrar a real motivação, descubra porque você está fazendo uma tarefa e qual o significado que ela tem para sua vida. As coisas simples como pagar as contas ou preparar o jantar podem ser onerosas, mas quando você percebe que é menos desejável receber ligações de cobrança ou passar fome, a motivação aparece como se fosse mágica.

Enxergue as razões pelas quais você está comprometido a cumprir uma meta. Conecte-se aos motivos pelos quais aquela tarefa tornou-se importante e isso poderá te motivar. Se você não conseguir encontrar um motivo forte o bastante para retomar a sua ação, então reconsidere se ela é realmente importante.

Dificuldade em Iniciar – Não é fácil inventar desculpas? “Agora já não dá mais tempo”, ”só falta fazer uma coisinha”, ou “tenho muito tempo ainda”.

Estas sabotagens, especialmente a última, são fatais. Podem haver fatores externos que nos impeçam de iniciar projetos — ter que esperar por uma resposta, a incapacidade de conseguir informações, a falta de proximidade física, ou uma data de início oficial. No entanto, na maioria das vezes, estas restrições são racionalizações autoimpostas. Prazos e metas a cumprir ainda estão sobre você, não importa o quanto você tente negar.

Mesmo que você esteja aguardando por algo que está verdadeiramente fora do seu controle, busque por funções você possa resolver ao longo do processo. Trabalhar em algo – diferente daquilo que você havia sido inicialmente designado a fazer – o permite ter insights que poderão apontar na direção de algo novo que você ainda não tenha considerado.

Não tenha medo de começar por partes. Projetos grandes são melhor executados quando cumpridos aos poucos, em partes componentes, ao invés de tentar completá-lo de uma só vez, transformando-se em um objetivo cada vez maior.

Em um nível prático, começar de fato significa que você pode terminar mais cedo e evitar que aquilo fique pesando na sua cabeça. Focar exclusivamente naquilo que deveria estar fazendo, pode no começo ser trabalhoso. Mas a recompensa do resultado valerá muito a pena.

E o mais importante: se você recebeu uma tarefa, geralmente é porque você é a pessoa mais qualificada para realizá-la. Entenda que por simples mudanças de hábito você poderá alterar de maneira intencional o destino da sua vida.

Se existe um motivo forte o suficiente para te fazer repensar a procrastinação, é o seguinte: o tempo que você perdeu – simplesmente – não volta.


Joshua Zerkel é Diretor de Global Customer Education e Community na Evernote.

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