Muito se fala do ciúme patológico e há até quem o valorize no relacionamento. Mas, afinal, o que é o ciúme e quando procurar ajuda?

A construção de uma vida a dois envolve diversos sentimentos, como amor, paixão, paciência e até ciúme. É preciso que as duas partes estejam a fim e dediquem-se para que a relação dê certo e traga felicidade a ambos. Para alguns o ciúme é uma forma de mostrar o interesse constante no outro, mas também pode ser fonte de brigas e conflitos.

A especialista em terapia de casais Carla Zeglio, conta que as emoções são ferramentas do nosso organismo para se mobilizar para ações que visam resolver problemas. “No caso do ciúme, temos essas mobilizações frente à ameaças percebidas quanto ao relacionamento amoroso ou sexual. Diante da possibilidade de perda ou de diminuição da qualidade do relacionamento, o ciúme surge como uma possível forma de reação”.

O grande problema é que a reação emocional pode ocorrer por algo real ou presumido, inexistente. Para o psicólogo Oswaldo M. Rodrigues Jr., a grande questão é a intensidade do ciúme, uma vez que se ele for muito intenso, impede a adequação no relacionamento ou situação, comprometendo a vida conjugal.

“Quando alguém sente ciúmes, poderá perceber que é um complexo de outras emoções que podem incluir dor, raiva, tristeza, inveja, medo, ansiedade, depressão, humilhação, ódio… Cada um de nós aprende uma composição diferente de emoções para prevenir a possível perda”, conta Oswaldo.

Ninguém está imune ao ciúme, mas o problema se instala quando as emoções que ele traz são valorizadas e, na tentativa de justificar o mal-estar sentido, a pessoa começa a culpar seu par e formular “explicações” para o que sente. “Aqui temos o que tem sido chamado de ciúmes patológico”, diz Carla, “e esta será uma condição que, ao contrário de proteger, tende a destruir o outro, a relação e a si mesmo”.

O ciúme, quando leve, pode ser construtivo para a relação por valorizar a presença do outro e nos levar a agir de forma positiva para não perder aquele relacionamento. Mas, quando patológico, o ciúme torna-se destrutivo e pode afetar o casal até mesmo fisicamente, com brigas, ofensas verbais, destruição de objetos, vingança. “A pessoa ciumenta sofre muito mais do que o objeto do seu ciúme. E ela vê na vingança a alternativa para sair do sofrimento em que pensa viver, e não atinge o resultado esperado”, diz Oswaldo.

Dica

A dica é estabelecer o diálogo frequente e sincero entre os pares, sem culpabilizar ou se vitimizar, para que o relacionamento possa crescer. Muitos casais, no entanto, não sabem verbalizar, expressar os sentimentos mútuos e precisam da ajuda de amigos, familiares, instituições religiosas e até de psicoterapia para aprenderem a comunicar os sentimentos e emoções.

A psicoterapia é uma grande aliada para ajudar o casal a se expressar emocionalmente e mostrar o que sentem de forma construtiva. “Assim, no lugar de um grupo de emoções negativas, cada um pode aprender a sentir emoções construtivas que mantêm o casal unido e com os objetivos de vida mantidos”.


Carla Zeglio é especialista em terapia de casais, graduada em Psicologia pela Universidade São Judas Tadeu (1995), diretora e psicoterapeuta sexual do INPASEX – co-editora da Revista terapia sexual: Pesquisa e Aspectos Psicossociais.

Oswaldo M. Rodrigues Jr. é psicólogo formado pela UNIMARCO (1984); foi Secretário Geral e Tesoureiro da WAS – World Association for Sexology (2001-2005); Presidente da ABEIS – Associação Brasileira para o Estudo da Inadequação Sexual (2003-2005); dedica-se a tratar de problemas sexuais junto ao InPaSex – Instituto Paulista de Sexualidade – do qual é fundador e diretor. http://psicologia.inpasex.com.br/

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