A Terapia de Casal é um caminho buscado por casais que precisam realinhar suas relações. Nela, o casal encontra um ambiente neutro, protegido, acolhedor e cuidadoso, para repensar a relação, se aprofundar no autoconhecimento, encontrar saídas para seus impasses, desabafar, minimizar o desconforto na convivência, dissipar mágoas e desencontros, ou até mesmo para o acompanhamento em situações de litígios e términos de relações.

O importante não é só cuidar da relação, mas também, e principalmente, dos indivíduos. As sessões de casais não são um ambiente para acusações e julgamentos, e sim para a tentativa de se reestabelecer o diálogo saudável e construtivo entre o casal.

O objetivo da Terapia de Casal é salvar a relação?

Em muitos casos este é o objetivo inicial, sim. Mas é importante ter em mente que, ainda que salvar a relação possa ser a motivação principal, o processo terapêutico não tem um final pré-definido. É um caminho no qual podem surgir revelações desagradáveis, reconhecimento de falhas, diálogos nunca imaginados e, muitas vezes, também o perdão. O objetivo da terapia de casal é melhorar o relacionamento, mesmo que eventualmente se descubra que a relação não seguirá adiante, e que as partes serão mais felizes cada qual seguindo seu rumo, separadamente”, destaca a psicóloga Ana Paula Pelosini.

Nestes casos, o psicólogo ajudará nas escolhas de quais serão as ações mais benéficas para todos, tanto na reorganização da família, como no âmbito pessoal. Existem casos em que a terapia de casal não funciona e caminha para atendimentos individuais dos parceiros. Não há regras.

Que casais procuram a terapia?

O fato do casal concordar em fazer uma terapia de casal demonstra uma disposição em tentar resolver algo que não vai bem na relação – seja ela de longa duração, ou bastante recente. Diferente do que muita gente pensa, a Terapia de Casal não é um recurso buscado apenas por casais maduros, que estão juntos há muitos anos e que enfrentam grandes “traumas” na relação, como traições ou agressões. “No consultório é comum receber casais que estão juntos há pouco tempo, incluindo recém-casados ou namorados, que muitas vezes se dão muito bem em certos aspectos (como o sexual), mas que têm problemas importantes de comunicação, e já chegaram a um ponto de desgaste que precisam de ajuda para reconstruir o diálogo e resolver os conflitos”.

Os assuntos levantados variam muito, e podem ir desde questões amplas, como falta de intimidade ou desinteresse, até questões muito pontuais práticas do dia a dia, como brigas sobre interferências de terceiros (normalmente a família) na relação ou na educação dos filhos, conflitos sobre a dinâmica da casa (limpeza e organização, por exemplo), entre outros.

O que esperar do psicólogo numa Terapia de Casal?

O psicólogo aplica sua experiência e capacitação para facilitar o diálogo nestes encontros, que nem sempre são fáceis. Ele tem muito mais uma função de escutar e de fazer perguntas cujas respostas possam clarear os sentimentos dos pacientes, do que dar conselhos ou palpites. Este processo ajuda o casal a enxergar novas possibilidades e a caminhar rumo à resolução dos seus conflitos, seja ela qual for.

O profissional que atende casais tem em mente que o paciente deste tipo de terapia, muito mais do que as partes, é a relação. E deve, portanto, ser um intermediador, um facilitador que propõe reflexões sobre o papel, atitudes, sentimentos e expectativas de cada um na relação.

O objetivo das sessões não é o embate e a disputa, nem achar culpados. O objetivo é fazer o casal avaliar suas responsabilidades, sentimentos e expectativas na relação, sem fazer juízo de valores. O profissional de psicologia é um mediador, não um juiz. Para isso, é importante que o casal esteja aberto a um diálogo franco, honesto e aberto a olhar para a relação como um todo, não só para problemas ou episódios específicos.

Qual é a hora certa para começar a Terapia de Casal?

Não existe hora certa, mas quanto antes se buscar auxílio, melhor. “Com o desgaste da relação e os atritos, alguns casais constroem uma barreira ao diálogo – o que inevitavelmente leva a um distanciamento. Alguns demoram meses, e até anos, para procurar ajuda. Em casos assim, geralmente a relação fica muito comprometida, pois já sofreu deteriorações em seus alicerces, o que agrava bastante as dificuldades de comunicação”, destaca a psicóloga Fátima de Camillo.

Mas, mais importante do que a hora certa, é o casal concordar em recorrer à terapia. Ambos precisam estar motivados, desejando buscar ajuda e dispostos a expor o que lhes incomoda. Assim, a responsabilidade e o compromisso com o processo terapêutico serão igualmente compartilhadas. Quando apenas um membro do casal está envolvido no processo, há poucas chances de dar certo ou gerar benefícios à relação

8 sinais de que a relação pede ajuda

A rotina e os hábitos muitas vezes mascaram problemas na relação, que ao longo do tempo geram só mais distanciamento e desinteresse. É claro que uma relação não pode estar em debates permanentemente, mas a ausência de diálogo e de atenção, queixas constantes ou mera indiferença são sinais de que algo não vai bem.

Pensando nos Filhos

Um fato que deve ser levado em conta pelos casais é o quanto os filhos estão sendo afetados pelos conflitos da relação. A desarmonia e o sofrimento de um casal não passam despercebidos pelos filhos e podem estremecer sua segurança emocional.

“Muitas vezes é mais saudável viver em harmonia com os pais separados, do que em guerra com eles juntos. Filhos não devem se sentir ameaçados, culpados ou afetados física e emocionalmente por uma relação destrutiva dos pais. Nem merecem ficar inseridos numa situação em que a vida se torna disfuncional”, observa Fátima de Camillo.

Sem tabus

Quando um casal está vivendo uma fase de desarmonia, é comum ouvir conselhos carregados de preconceitos e de tabus. O mais comum é o de que a terapia de casal só vai piorar as coisas ou que só serve para apressar a separação de um casal, já que uma das partes pode “criar forças”, apoiada pelo psicólogo. Ouve-se também que um casal deve resolver seus problemas sozinho, que ir a terapia de casal é se expor, e outras coisas deste tipo.

Grande engano. A terapia é um recurso saudável e legítimo para quem busca melhorar o autoconhecimento individual e do casal, para quem quer encontrar um ponto de equilíbrio, voltar a sentir bem-estar e felicidade.

Um casal que verdadeiramente se dispõe a fazer uma terapia em geral está aberto ao diálogo – e este pode ser justamente o melhor caminho para que o casal, conjuntamente, entenda do que a relação precisa para tornar-se mais saudável – seja como for.

Outro tabu é o discurso de que terapia de casal custa caro. Mas isto não é necessariamente verdade. É possível encontrar profissionais que oferecem terapia de casal por valores bastante acessíveis.

Objetivo final: ser feliz

É natural a ocorrência de conflitos e desgastes numa relação conjugal. Casais discutem, claro. Mas, quando esses conflitos ocupam espaço a ponto de atrapalhar ou inviabilizar o diálogo, a busca por ajuda não representa falta de competência na resolução destas diferenças. Muito pelo contrário: representa o desejo e a coragem de propor mudanças e de resgatar o diálogo. A terapia ajuda o casal a ver com mais clareza sua situação e agir, de acordo com esses achados.

O objetivo final é ser feliz, seja qual for caminho a ser tomado. E isto é possível com abertura, franqueza e compromisso com uma relação que, ainda que esteja abalada, merece ser olhada com respeito e maturidade.


Ana Paula Pelosini e Fátima Camillo são psicólogas parceiras do portal Nossos Doutores.

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