Uma mulher em busca de tranquilidade e qualidade de vida. Depois de quase trinta anos de treinos pesados, partidas emocionantes, torneios recheados de adrenalina e a preocupação com contusões, este é o atual perfil de Maria Paula Gonçalves da Silva, a Magic Paula, uma das maiores jogadoras de basquete de todos os tempos.

Paula é uma mulher que se preocupa em não ganhar peso e se esforça para conciliar os compromissos profissionais com a busca por um dia simples e calmo. “Quando eu era jogadora, dificilmente eu tinha um final de semana para fazer o que queria. Hoje eles são imprescindíveis”, explica a ex-jogadora da seleção brasileira de basquete.

Não é difícil entender como Paula perdeu tantos sábados e domingos. Foram vinte e oito anos ininterruptos jogando, vinte e dois deles defendendo a seleção brasileira, marca que lhe rendeu o título de jogadora que mais atuou pela equipe nacional. Neste período, Paula sagrou-se campeã mundial, campeã pan-americana e vice-campeã olímpica, apenas para citar os títulos mais importantes. Ao lado de Hortência, ela é a única brasileira que integra o Hall da Fama do Basquete Feminino.

Magic Paula E Magic Paula, apelido que as jogadas em quadra lhe renderam, ainda não conseguiu abandonar o esporte. Há sete anos, é Diretora do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa, órgão da Prefeitura de São Paulo que tem como objetivo a formação de atletas. Também encontra tempo para visitar um dos seis núcleos do “Passe de Mágica”, ONG que atende crianças em Diadema, no ABC Paulista e na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. Além de tudo, ainda encontra tempo para viajar o Brasil ministrando palestras.

Em entrevista exclusiva ao Plena Mulher, ela fala sobre a rotina depois dos 40, velhice e os resquícios positivos que o esporte deixou em sua vida.

Como manter a forma depois de tantos anos sem jogar?

Digo que hoje estou em busca da qualidade de vida. Passei muitos anos trabalhando meu físico além do limite. Sei da importância em manter a atividade física, mas de forma saudável. Além disso, tenho muita facilidade em ganhar peso. Então a atenção tem que ser redobrada.

Você sente falta do treinamento físico pesado?

Não. Parar de jogar foi algo bem pensado e trabalhado dentro de mim. O que sinto falta é a convivência do grupo, principalmente nos momentos de descontração.

Como é um dia a dia típico de Maria Paula Gonçalves em 2009?

O meu dia a dia é o Centro Olímpico, onde passo a maior parte do tempo. Em determinados momentos posso estar em uma reunião, visitando os núcleos do meu projeto social ou em uma viagem para fazer palestras em empresas. Dedico uma hora do meu dia para atividade física.

E o descanso?

Gosto muito de conhecer restaurantes, apreciar uma boa comida, um bom vinho e uma deliciosa conversa com os amigos. Aos finas de semana, é muito difícil me prender em um evento, pois quando eu era jogadora, dificilmente tinha um final de semana para fazer o que queria. Hoje eles são imprescindíveis. Também gosto de me recolher no meu sítio, em Piracicaba.

Você faz algum tipo de dieta alimentar?

Faço, mas não porque gosto, porque preciso. O meu controle tem sido nas refeições da noite. Durante o dia, procuro comer muita verdura, frutas e um bom grelhado.

Sua vida pessoal é mais importante que a carreira?

Procuro balancear os dois. Não acredito que alguém possa ser feliz sem este equilíbrio. A felicidade de um é a certeza do sucesso no outro.

Magic PaulaFicar mais velha te assusta?

Não. Acho que o tempo nos traz sabedoria. Só quero ter uma velhice bem ativa.

Dona Ilda, sua mãe, parece ser uma mulher que envelheceu bem. Ela te inspira a ter mais cuidados?

O grande segredo da minha mãe é ser muito ativa. Ela não tem tempo de pensar na velhice, em doença. Gosta de viver e ser útil. Isto é o que faz ela envelhecer bem.

Você consegue discernir se cuida mais do corpo ou da mente? Considera-se uma mulher equilibrada neste sentido?

Com o passar do tempo busquei um equilíbrio maior da mente. Descobri que ela é muito poderosa e, naturalmente, acaba refletindo no corpo. Faz com que tenhamos uma simbiose perfeita.

O que a idade realmente tem lhe ensinado?

Tem me ensinado muito. Tenho vivido, estou buscando aprender, escutar mais, me colocar no lugar do outro, pensar nas coisas boas, aprender a dizer não, aceitar críticas, aprender a pedir desculpas, sorrir mais… Nossa, tenho muito o que aprender ainda!

Quais valores do esporte nunca te abandonaram, mesmo depois de ultrapassada a barreira dos 40 anos?

O esporte me ajudou a construir os valores para me tornar uma cidadã. Eu sei que a vivência por quase trinta anos no esporte me fez uma pessoa mais determinada, que não sabe viver sozinha, disciplinada e que sabe a importância das relações pessoais.

Que sonhos você ainda não realizou?

Na minha opinião, os sonhos são realizados com trabalho bem feito. Sonhar é a grande motivação do indivíduo, pois queremos tanto, que acabamos conseguindo. Meu sonho é ser sempre uma grande mulher, boa filha, boa irmã e uma grande amiga. Conseguindo isso, a nossa vida profissional vai caminhar junto, com muita inspiração. Hoje quero ser uma gestora reconhecida no meu país.

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