Com o avanço do novo Coronavírus (COVID-19) no Brasil e no mundo, a sociedade enfrenta restrições de convívio para reduzir a disseminação da contaminação.

Em um país que possui mais de 139,3 milhões de animais de estimação, segundo censo do IBGE, essa mudança de comportamento também se reflete na relação com os pets.

Por isso, a médica veterinária e analista de Pesquisa & Desenvolvimento, Mariane Ernandes, nos mostra alguns mitos para reduzir o estresse do pet durante a quarentena e como aproveitar melhor o tempo em casa para gastar a energia do seu cachorro.

Os nove principais mitos sobre o assunto:

O animal de estimação pode ser infectado pelo COVID-19?

Não há evidências científicas de que animais de estimação possam ser infectados A Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais acompanha a evolução da doença e está atualizando constantemente esse cenário.

Meu cachorro pode transmitir a doença?

O animal não é um hospedeiro transmissor da doença. No entanto, caso o tutor esteja infectado com o Coronavírus e permaneça em contato com o pet (por exemplo, ao tossir e espirrar), pode espalhar partículas com o vírus. Dessa maneira, a pelagem do animal pode ser um contato de transmissão como qualquer outro tipo de superfície, pois caso outra pessoa toque a área contaminada, não há garantia de que não haverá transmissão. A importância dos cuidados de higiene para evitar o contágio, como lavar as mãos com água e sabão com maior frequência, fazer uso de álcool gel e evitar levar a mão ao rosto após fazer carinho no pet.

A vacina V10 impede que o animal possa ser um foco transmissor?

Os cães e gatos, assim como outros animais de estimação como aves e répteis, não são transmissores da doença. “A vacina V10 é contra um outro tipo de Coronavírus, que não tem nenhuma associação com o COVID-19”, afirma a veterinária. O tipo da doença que pode afetar os animais é o Alfa-Coronavírus, que geralmente infecta animais jovens, classificado em Coronavírus canino, que pode causar diarreia leve, e o Coronavírus felino, que causa peritonite infecciosa felina.

Posso continuar passeando fora de casa, como praças e parques?

De acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária, passeios podem ser mantidos, desde que sejam curtos, em lugares abertos e longe de aglomerações. “Há muitos animais que precisam sair para fazer as necessidades na rua, nesse caso orientamos para que seja próximo de casa e que o pet não se esfregue em nenhuma superfície”.

Quais os principais cuidados de higiene que devo ter com o pet?

Sempre que sair com o animal, ao retornar para casa, higienize as patas do pet com água e sabão, álcool gel ou lenço umedecido com álcool na composição. Também é importante manter limpos os recipientes de água e ração, além dos brinquedos utilizados por eles, já que são compartilhados entre o animal e as pessoas que dividem o espaço. “As dicas de higiene valem tanto para cães como para gatos, que, apesar da pouca frequência em sair de casa e a pequena interação com humanos durante as saídas, devem ter o mesmo controle de higiene”, ressalta a médica.

Preciso mudar a alimentação do meu cachorro nos dias de quarentena?

A alimentação varia de animal para animal, pois é preciso considerar o porte e o nível de atividade do pet. “Se o cão for ativo, gastar muita energia e continuar comendo a mesma quantidade, sem ter gasto calórico, ele irá ganhar peso”. Outro fator é que, com a quarentena, mais pessoas estão em casa oferecendo petiscos e comidas fora de hora ao animal, o que acarreta em calorias extras.

Como controlar o estresse do animal, principalmente em espaços menores como apartamentos?

É de extrema importância que haja bastante interação com o pet neste período, em que haverá mais pessoas em casa e ele terá menos tempo fora de casa, como passeios ao ar livre. Brinquedos novos podem ajudar, assim como aqueles mais criativos, que levam a ração em seu interior. “É essencial manter a mente do animal ativa nesse período”.

Posso continuar levando meu pet para banho e tosa no petshop? Quais cuidados devemos ter?

A orientação é que leve o animal até o petshop em caso de necessidade, se realmente não for possível fazer o banho e tosa em casa. Caso opte por ir até um estabelecimento, vá sozinho para evitar o contato social. O mesmo vale para clínicas: o atendimento segue normalizado, mas a orientação é tomar todas as medidas de higiene.

Posso abraçar e beijar meu animal de estimação?

Para pessoas saudáveis, não há qualquer tipo de restrição, ou seja, elas podem continuar com os mesmos hábitos e interações com seus animais. A recomendação para evitar o contato com os pets é apenas para pessoas com Coronavírus.

O momento pede cuidado redobrado com os pets dentro e fora de casa e ressalta a importância das pessoas buscarem informação. “É fundamental esclarecer os principais mitos sobre o assunto, pois não há qualquer evidência que indique que o pet possa contrair a doença e que seja um hospedeiro transmissor do COVID-19”.


Mariane Ernandes é médica veterinária e analista de Pesquisa & Desenvolvimento, especialista veterinária da marca de ração premium para cachorros da BRF. www.balance.com.br

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