Praticamente 30% dos casos de infertilidade feminina estão ligados à endometriose.

A endometriose se caracteriza pela presença de tecido endometrial (semelhante ao que reveste a cavidade uterina) fora do útero. Em geral, o tecido é encontrado na cavidade pélvica: no peritônio, ovários, tubas uterinas, ligamentos útero-sacros, vagina, intestino e bexiga. Embora seja raro, o tecido pode ser encontrado em outras partes do organismo como nervos, pulmão e diafragma.

Os estudos apontam uma prevalência de 10-15% das mulheres em idade fértil. Estima-se que 25% a 40% das mulheres com subfertilidade apresentam endometriose, sendo uma das principais causas de infertilidade feminina.

A precisa patogênese (modo de desenvolvimento) da endometriose permanece obscura, mas é evidente que a endometriose surge da disseminação do endométrio para sítios ectópicos (fora do útero). Esses sítios ectópicos dão origem aos sintomas associado à doença. Entretanto, outros fatores são considerados importantes no desenvolvimento da endometriose, como a genética, os hormônios e o ambiente.

“Os casos de endometriose hoje parecem ser mais prevalentes e esse aumento está ligado ao estilo de vida moderno. Hoje as mulheres têm filhos cada vez mais tarde e muitas optam por um único filho. Isso leva a um maior número de menstruações ao longo da vida. Além disso, o estresse, a obesidade e o sedentarismo também influenciam no funcionamento do sistema ginecológico”, explica Dr. Edvaldo Cavalcante, cirurgião ginecológico.

5 principais dúvidas relacionadas à cirurgia de endometriose:

Quando a cirurgia é indicada?

A cirurgia para tratamento da endometriose é basicamente indicada em duas situações: na presença de dor crônica e/ou infertilidade. A técnica de escolha é a videolaparoscopia e/ou cirurgia robótica. A cirurgia proporciona melhora da qualidade de vida e restauração da fertilidade.

É possível engravidar depois de tratar a endometriose?

Muitas mulheres conseguem engravidar espontaneamente na presença de endometriose. Os tratamentos clínicos para a endometriose, com utilização de hormônios e anticoncepcionais que inibem a ovulação, não são indicados para tratar a infertilidade. Descartadas outras causas para a infertilidade, a cirurgia proporciona maior probabilidade de alcançar gestação espontânea.

Por que a cirurgia é útil para restaurar a fertilidade da mulher?

A endometriose é uma doença que tem como característica muito comum à formação de aderências entre os órgãos da pelve, consequentemente levando ao total desarranjo da anatomia. A cirurgia por videolaparoscopia tem como princípio básico a retirada das aderências e a retirada das lesões de endometriose, restaurando a anatomia da pelve. Com o retorno da anatomia funcional da pelve e com a retirada das lesões da endometriose, que proporciona diminuição da produção de substâncias pró-inflamatórias, a mulher pode ter sua fertilidade restaurada e optar em engravidar naturalmente, sem a necessidade de recorrer à reprodução assistida.

A cirurgia cura a endometriose?

Infelizmente não. A endometriose é uma doença crônica que pode ser controlada com a cirurgia e com tratamento medicamentoso. Mesmo assim, estima-se uma taxa de recidiva de 20 % em 2 anos e de 50 % em 5 anos após o tratamento cirúrgico.

Como é feita a videolaparoscopia?

É uma cirurgia minimamente invasiva, feita por meio de pequenos cortes na altura do umbigo e em baixo ventre, mas isso vai depender da localização dos focos das lesões da endometriose. A anestesia usada é geral. A paciente fica internada de 24 a 48 horas e a recuperação total se dá em torno de 15 dias após o procedimento.


Dr. Edvaldo Cavalcante é cirurgião ginecológico, especialista em cirurgia minimamente invasiva e no tratamento de endometriose.

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