Algumas vezes, a gripe pode ser particularmente assustadora para os pais. Neste inverno, nos EUA, pelo menos 53 crianças, em todo o país, morreram por doenças relacionadas à gripe. Os pais precisam saber quando é hora de correr para o hospital…

Apesar do fato de a gripe levar a mais internações e óbitos entre crianças do que qualquer outra doença prevenível por vacina, os pais frequentemente recusam a vacinação contra a gripe, segundo um novo estudo, publicado no American Journal of Infection Control, publicação oficial da Associação de Profissionais de Controle de Infecções e Epidemiologia.

O estudo, projetado para esclarecer sobre por que as vacinas contra a gripe não são mais amplamente utilizadas, reuniu dados de 131 dos 140 pacientes elegíveis (9 meses a 18 anos) que foram testados durante a temporada de gripe 2012-13. Os pais preencheram um questionário sobre antecedentes de influenza, vacinação em outros locais, razões para não vacinar e intenção de vacinar no ano que vem.

Os três motivos mais comuns relatados pelos pais para não imunizar seus filhos contra a gripe foram:

1) Pensar que a vacinação contra a gripe não era necessária;

2) Medo de possíveis efeitos colaterais; e,

3) Esquecimento.

As razões para a não vacinação eram semelhantes entre os pais, independentemente de seus filhos terem sido testados positivos ou negativos para a gripe.

O primeiro e mais comum motivo poderia abranger a crença de que o risco de contrair a gripe é baixo em sua família, bem como o de que a vacina oferece pouca proteção. Uma razão raramente discutida na literatura médica refere-se ao motivo pelo qual muitos pais não pensam que as vacinas contra a gripe são necessárias é a infrequência com a qual muitos indivíduos e famílias experimentam a gripe. A maioria dos pacientes com gripe positiva (59%) e os controles (89%) no estudo não apresentaram história prévia da gripe, e aqueles com influenza anterior tiveram significativamente mais risco de serem positivos.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (em inglês: Centers for Disease Control and Prevention – CDC), mais de 200 mil pessoas, nos EUA, são internadas a cada ano, por doenças respiratórias e cardíacas associadas a infecções sérias do vírus Influenza. A gripe está associada a 3.000-49.000 mortes por ano. A vacinação pode reduzir doenças e prevenir hospitalizações relacionadas à gripe.

Como lidar com a gripe?

A receita padrão para a gripe é ficar em casa e descansar, beber bastante líquido e manter a dor e a febre sob controle, com medicamentos sem receita médica. Mas, às vezes, a gripe pode ser particularmente assustadora para os pais. Neste inverno, nos EUA, pelo menos 53 crianças, em todo o país, morreram por doenças relacionadas à gripe. Os pais precisam saber quando é hora de correr para o hospital…

“Esta não é uma pergunta fácil de responder. De vez em quando, mesmo entre crianças saudáveis, a gripe pode gerar prostração importante, deixando-a muito doente, muito rápido”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

A maioria dos pais sabe que precisa monitorar as crianças com menos de 5 anos para qualquer sinal de que a doença está ficando mais grave. É importante prestar ainda mais atenção aos bebês e crianças menores de 2 anos, certificando-se de que estão sendo hidratadas.

“E, embora a grande maioria das crianças atingidas por um ataque de gripe se recupere rapidamente, um pequeno número poderá desenvolver complicações potencialmente fatais, que exigem atenção médica imediata”.

Crianças com condições de saúde crônicas como asma, diabetes, fibrose cística, paralisia cerebral, doenças cardíacas ou convulsões também estão em maior risco de desenvolver complicações relacionadas à influenza e a doença pode exacerbar problemas médicos subjacentes.

E sempre vale a pena lembrar que gripe e resfriado são doenças diferentes.

O que observar?

Sinais para observar em crianças são febre alta persistente que não diminui e a que diminui apenas para subir novamente. “Quando isso acontece, o tempo é essencial; uma febre persistente ou recorrente pode significar que a criança desenvolveu uma complicação, como pneumonia ou uma resposta inflamatória perigosa, e os pais devem buscar atendimento médico imediato”.

Os pais também devem estar atentos à sepse, uma complicação potencialmente fatal causada pelo ataque esmagador de uma infecção ao organismo. A condição é caracterizada por febre ou calafrios, dor ou desconforto extremos, pele úmida ou suada, confusão ou desorientação, falta de ar e alta frequência cardíaca.

“O problema com a gripe é que isso acontece muito rapidamente. Os pais precisam estar realmente prestando atenção. As coisas podem progredir dentro de 48 horas ou menos. Os sintomas que exigem cuidados médicos imediatos são: respiração pesada, ou respiração rápida e superficial, dor ou pressão no peito; lábios azuis ou roxos; menos resposta aos estímulos do que o habitual; pele úmida; recusa a comer ou a beber; diarreia e vômito, aumentando o risco de desidratação”.

Em geral, se uma criança é particularmente irritável, está dormindo demais, parece confusa, tonta ou não alerta mentalmente, e não age como habitualmente, os pais devem procurar ajuda médica. Os vômitos graves e as convulsões também são sinais de perigo.

Preocupações com bebês e crianças pequenas

Quando se tratam de crianças com menos de 2 anos, os pais devem estar atentos para garantir que o filho esteja recebendo líquidos suficientes e observar a cor da urina (ver se ela não fica mais escura), sinais de desidratação que exigem cuidados médicos imediatos. Outros sintomas a serem observados em bebês são problemas para respirar, incapacidade de comer, menos fraldas sendo usadas do que o normal e choro sem produzir lágrimas.

“Para um bebê com menos de 1 ano, há um limiar mais baixo para ver o médico. É preciso observar com muito cuidado e estar em sintonia com as mudanças. Embora possa não parecer científico, a maioria dos especialistas diz que os pais devem confiar em seus instintos. Eles conhecem seus filhos melhor do que qualquer outra pessoa, e se eles pensam que algo está errado, eles devem telefonar para o pediatra e pedir conselhos ou levar a criança para a emergência. Quando a mãe está realmente preocupada, isso não deve ser trivializado – o pediatra deve olhar essa criança de perto”.


Dr. Moises Chencinski é pediatra e homeopata. http://www.drmoises.com.br

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