A cantora americana Taylor Muhl, da Califórnia, tem uma condição muito especial chamada quimerismo: ela é sua própria gêmea.

Isso significa que ela tem dois conjuntos de DNA, cada um com o código genético de uma pessoa diferente.

O quimerismo é raro e pode acontecer durante os primeiros estágios do desenvolvimento fetal. No caso de Muhl, ela tinha uma gêmea fraterna que absorveu no útero de sua mãe.

Diagnóstico complicado

Muhl tem um tipo de quimerismo conhecido como quimerismo tetragamético. Ele ocorre em casos de gêmeos fraternos, onde dois óvulos diferentes são fertilizados por dois espermatozoides diferentes.

Os dois zigotos então se misturam e formam apenas um ser humano com duas linhas celulares diferentes.

Na maioria das vezes, as pessoas com quimerismo não são diagnosticadas. De fato, sem testes biomédicos específicos (como testes genéticos), é impossível que os médicos digam se um paciente é uma quimera.

Taylor Muhl quando era bebê

Em alguns casos, há pistas sutis para esta condição: algumas pessoas com quimerismo têm olhos de cores diferentes, ou dois tipos sanguíneos diferentes, ou até órgãos genitais diferentes – nos casos em que existem diferentes conjuntos de cromossomos sexuais (XX e XY), os genitais internos e externos de uma pessoa podem ser afetados e ela pode se tornar hermafrodita. Como a gêmea de Muhl também era mulher, seus dois conjuntos de DNA contêm cromossomos femininos.

A condição se manifesta de forma diferente em cada pessoa

A condição explica por que Muhl tem o que parece ser uma grande marca de nascença em sua barriga. Um lado tem uma cor diferente de pele do que o outro, resultado do DNA de sua gêmea.

Por muitos anos, a cantora não sabia o porquê disso. “Eu senti liberdade [após o diagnóstico], porque pela primeira vez na minha vida, isso faz sentido”.

Taylor Muhl

De acordo com Dr. Brocha Tarshish, geneticista clínico do Nicklaus Children’s Hospital (EUA), é difícil prever como o quimerismo se manifestará ou quais tecidos serão mais afetados. Mas é comum que uma linhagem celular supere a outra, então as pessoas acabam por ter a maioria de suas células provenientes de um conjunto de DNA, em vez de uma divisão 50-50.

Muhl foi diagnosticada com quimerismo em 2009, mas tornou pública sua condição no ano passado. Ela explicou em uma postagem em seu blog pessoal que possui dois sistemas imunológicos e dois fluxos sanguíneos, o que significa que as células em seu sistema imunológico e seu sangue têm dois conjuntos de DNA.

Seu quimerismo também levou a uma condição autoimune, porque seu corpo vê o DNA de sua gêmea como “invasor” e reage a ele. Ela tem uma série de alergias a alimentos, medicamentos, suplementos, joias e picadas de insetos.

Outros casos

Como o quimerismo é difícil de se diagnosticar, provavelmente é mais comum do que pensamos, embora provavelmente ainda seja muito raro.

Alguns casos já foram relatados antes, no entanto. Em 2002, uma mulher chamada Karen Keegan descobriu a sua condição quando precisou de um transplante de rim.

Os médicos ficaram intrigados quando testes de possíveis doadores familiares mostraram que ela não poderia ser a mãe de dois de seus três filhos. O mistério foi resolvido quando os médicos descobriram que ela era uma quimera e o conjunto de DNA em suas células sanguíneas era diferente do DNA em alguns outros tecidos de seu corpo.


Hypescience: Por Natasha Romanzoti

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