Existem duas teorias sobre a existência do clitóris e cada uma tem suas limitações. O biomédico Roy Levine, do Reino Unido, escreveu recentemente um artigo que defende a dupla utilidade do clitóris, tanto reprodutiva quando ligada ao prazer.

Essa abordagem pode ser desafiadora diante das teorias e crenças atuais, mas o pesquisador acredita ser o momento de rever as evidências. O clitóris foi mencionado em 1545 pelo médico e anatomista francês, Charles Estienne, como tendo função no trato urinário. A função sexual foi identificada por Renaldo Colombo em 1559, mas outros estudiosos fizeram contraponto a essa visão.

Em 1564, um cirurgião de Padua, Andreas Vesalius, considerou o clitóris como uma parte inútil que não existia em mulheres saudáveis. Apenas em 1844 o anatomista alemão George Kobelt publicou um livro com desenhos detalhados e precisos, feitos a partir de dissecações de genitália feminina e masculina. Seus estudos foram ignorados na Inglaterra e Estados Unidos.

A fixação com a ligação entre clitóris e prazer feminino fez com que a habilidade mais importante, de transportar e reter o esperma, fosse deixada de lado. A relevância para facilitar a reprodução foi identificada de forma breve por Levin no ano passado. Uma nova publicação do autor, realizada neste ano, defende essas funções de forma mais detalhada e apresenta estudos que dão apoio a esse ponto de vista.

Função reprodutiva

Antes de atingir o ápice do prazer, estudos recentes mostram que são ativados os principais sistemas cerebrais, incluindo áreas ligadas a excitação, recompensa, memória, cognição e comportamento social.

Essa ativação do cérebro causa alterações genitais como o aumento do fluxo sanguíneo, de oxigênio, de calor e lubrificação. Além disso a aproximação do orgasmo faz com que o colo do útero seja levantado para acomodar esperma e os músculos do assoalho pélvico se contraem de forma rítmica. Isso tudo aumenta o potencial de fertilização.

Mesmo que revisões detalhadas também proponham que o orgasmo feminino tenha papel na seleção de esperma, a fisiologia desse mecanismo ainda é discutida. Antes que seja possível chegar a conclusões é necessário realizar mais pesquisas.

Outras possibilidades

Estudo deste ano identificou que coelhas que não tinham orgasmo apresentavam ovulação 30% menor. Isso sugere que em nosso passado evolutivo distante, o orgasmo feminino pode ter estimulado a liberação de óvulos e ajudado nas chances de gravidez.

Com a mudança na localização do clitóris, esses benefícios podem ter deixado de existir. O biólogo evolucionista Gunter Wagner considera que se esta teoria estiver correta as ideias antigas perdem sua validade.

Mas Levin considera que essa teoria desconsidera o principal, que são as mudanças fisiológicas provocadas via cérebro ativado pelo clitóris, que preparam o trato genital feminino humano. Mesmo que tenham pouco efeito na ovulação, essas alterações auxiliam a sobrevivência do esperma, portanto o clitóris manteria sua função reprodutiva. [Science Alert, Clinical Anatomy]


Fonte: Hypescience

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