Nem sempre a “dor de cabeça” é o principal motivo da perda do desejo sexual feminino. Pode ser apenas uma desculpa para outro tipo de problema que as afasta do sexo

Segundo a psicóloga Marina Simas de Lima, o desejo sexual feminino é complexo e demanda sintonia total entre corpo e mente.

“O organismo feminino é influenciado a vida toda pelos hormônios sexuais, que oscilam de acordo com a fase da vida. No período reprodutivo da mulher há fases em que o desejo estará mais ativo, principalmente no período de ovulação, que geralmente ocorre14 dias antes da menstruação. Depois do parto, o desejo diminui até que os hormônios voltem ao normal. Na menopausa, a queda do desejo sexual é inevitável, já que há diminuição acentuada na produção de estrogênio e testosterona, os principais hormônios relacionados à libido”.

“Além da questão hormonal, as mulheres enfrentam os fatores psicológicos que influenciam muito no desejo sexual. A Organização Mundial da Saúde pontua que as mulheres sofrem mais com depressão e ansiedade, o que pode impactar no desejo e na resposta delas ao sexo. Além disso, a educação recebida com os significados apreendidos sobre sexo e sexualidade, fatores religiosos e a experiência de relacionamentos anteriores podem também afetar sobremaneira a disposição das mulheres para atividades relacionadas ao sexo”, destaca a também psicóloga Denise Miranda de Figueiredo.

10 principais razões pelas quais o desejo sexual das mulheres pode diminuir:

Cansaço e estresse

O cansaço e o estresse são vilões do desejo sexual. O estresse atinge duas vezes mais mulheres que os homens. Mas, vale lembrar que fazer sexo pode ser uma ótima maneira de mandar o estresse para bem longe e dormir melhor, já que durante o ato são liberadas substâncias que induzem ao bem-estar e ao relaxamento.

Depressão

A prevalência da depressão nas mulheres é duas vezes maior que nos homens. A depressão inibe o desejo sexual. Além disso, a maioria dos medicamentos indicados para tratar a doença afeta a libido e podem causar dificuldade para se chegar ao orgasmo.

Uso de anticoncepcionais

Algumas mulheres podem apresentar perda da libido ou diminuição da mesma em decorrência do uso de anticoncepcionais, especialmente os compostos apenas por progesterona, indicados para quem não pode tomar pílulas com estrogênio ou para mulheres que amamentam. Os anticoncepcionais injetáveis são ainda piores para a libido.

Doenças crônicas

Diabetes, pressão alta, câncer, doenças autoimunes. Todas elas impactam no desejo sexual feminino. Alguns medicamentos para tratar essas condições também afetam a libido.

Pós-Parto

Ao cansaço e ao estrese dos primeiros meses de cuidados com o bebê. O corpo demora a se recuperar, mas a tendência é que depois de seis meses haja uma melhora da lubrificação e um aumento da libido/ desejo., Depois do parto, a maioria das mulheres irá experimentar uma queda acentuada no desejo sexual, relacionado às questões hormonais

Menopausa

Quando a mulher entra na menopausa, há uma série de modificações na resposta sexual. Com a queda dos níveis de estrogênio, há diminuição da lubrificação, o que pode causar dor na penetração. Também há uma diminuição acentuada na produção de testosterona, hormônio diretamente ligado à libido.

Disfunções sexuais

Segundo a pesquisa Mosaico 2.0, 55% das brasileiras têm dificuldade de atingir o orgasmo, condição chamada de anorgasmia. Outra disfunção sexual que afeta o desejo é a dor na penetração (dispareunia), que atinge 59,7% das brasileiras de acordo com o estudo. Sendo assim, falta de orgasmo e dor são dois componentes que diminuem a disposição para fazer sexo.

Problemas ginecológicos

Infecções, inflamação, dor pélvica crônica e endometriose afetam o desejo sexual.

Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)

Algumas doenças que podem ser transmitidas pelo sexo acabam inibindo o desejo, tanto pelo medo de transmiti-la ou se a mulher estiver em tratamento. Por outro lado, muitas mulheres temem ser contaminadas por uma DST e acabam evitando manter relações sexuais.

Conflitos conjugais

Um casamento turbulento pode afetar o desejo sexual de homens e mulheres. Se a mulher não consegue gerenciar suas emoções relacionadas aos conflitos, isso impacta diretamente na cama. A mulher acaba usando o sexo como moeda de troca, o que não é saudável. Sexo é sexo e não deve ser usado para barganhar um comportamento esperado do parceiro.

“É importante que as questões fisiológicas, como dor na relação e falta de orgasmo, sejam diagnosticadas e tratadas por especialistas na área mais especificamente ginecologistas e terapeutas sexuais. As questões no relacionamento também devem ser cuidadas para que os casais alcancem uma vida sexual saudável e com qualidade”, concluem as psicólogas.


Marina Simas de Lima e Denise Miranda de Figueiredo são psicólogas, especialistas em sexualidade e em terapia de casais e cofundadoras do Instituto do Casal.

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